Esse é o pensamento do
evangélico típico de nossos dias.
Quando fui perguntado recentemente por alguém sobre a maior
necessidade da igreja evangélica no Brasil não tive dúvidas em responder que é
o exercício da disciplina bíblica. Sei que existem igrejas que disciplinam seus
membros e líderes e até cometem abusos nisso. Mas creio que já se tornaram a
minoria. Na minha avaliação, a grande maioria das igrejas de todas as
denominações não exerce a disciplina eclesiástica sobre seus membros e líderes,
ou quando o fazem, o fazem de forma equivocada, arbitrária e sem levar em
consideração os ensinamentos das Escrituras sobre o assunto.
Para mim esse assunto é relevante, pois a disciplina da Igreja
tem como alvo manter a sua pureza e restaurar os faltosos, e se constitui numa
das marcas da verdadeira Igreja de Cristo. Onde os pecados passam impunes, os
faltosos não são repreendidos, corrigidos e restaurados, onde os líderes
cometem pecados públicos claros e não dão conta a ninguém de seus atos, poderá
estar ali a verdadeira Igreja do Senhor, pela qual ele derramou seu sangue
precioso, em busca de um povo puro e santo?
Para mim, tudo começa pela absoluta falta de dar conta de seus
atos que caracteriza líderes e membros das igrejas. Ninguém se sente devedor a
ninguém, senão a Deus – esquecendo que foi o próprio Deus quem instituiu a
disciplina eclesiástica como instrumento do seu desejo de manter a Igreja pura
e restaurar os caídos. Isso é claro especialmente no caso de líderes que
construíram seu império eclesiástico e que não se encontram debaixo de qualquer
pessoa ou grupo que poderia corrigi-los e discipliná-los em caso de falta.
Pecam impunemente em nome do perdão e da tolerância divina.
As próprias igrejas não exercem a vigilância, o zelo e o
cuidado que deveriam para com seus membros faltosos. Preferem ocultar os
pecados cometidos ou exercer algum tipo de restrição que mal pode ser
reconhecida como disciplina. E os membros – não se sentem obrigados a prestar
contas de seus atos às igrejas que freqüentam e portanto, em caso de serem
argüidos de seus pecados e erros, não se sujeitam e não acatam qualquer medida
corretiva e simplesmente mudam-se para outra igreja.
Na minha opinião, é um estado caótico de coisas, que
compromete a imagem dos evangélicos diante do povo, que toma conhecimento do
comportamento irregular de líderes e crentes pela mídia. Juntamente com a crise
de identidade e doutrinária, a falta de disciplina contribui para o agravamento
da situação de UTI em que a igreja evangélica brasileira se encontra.
FONTE: http://tempora-mores.blogspot.com.br/
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