Você já se sentiu sozinho? Sem amigos
por perto, família, os irmãos da igreja… Dá um aperto no coração, não é?
Vontade de pegar o celular e sair ligando para as pessoas, entrar na internet,
no facebook ou mandar um e-mail.
Como missionário, várias vezes já me
senti desse jeito. Sozinho, longe, esquecido, com saudade dos velhos tempos, da
família, dos amigos, da igreja… Mesmo com um celular que tem sinal e internet
razoável, parece que estou longe. Na verdade, eu estou longe! Mas tem gente que
está muito mais longe que eu. Talvez não em distância física, mas emocional.
Como
piloto, tenho visitado missionários que moram no meio da Floresta Amazônica.
Alguns deles passam mais de 6 meses na mata, sem internet, sem televisão, sem
celular. E pior, sem amigos, sem família, sem igreja… Quando acho que estou
longe, penso neles. Sempre que posso, quando estou passando por alguma aldeia
pra deixar as compras dos missionários, tento separar um tempo para conversar
com eles, seja durante o almoço, ou debaixo da asa do avião mesmo, pra
aproveitar a sombra.
Muitas
vezes pensamos que os missionários só precisam de oração e ofertas. Por
experiência própria, posso garantir que muitas vezes o que o missionário mais
precisa é de encorajamento, incentivo, carinho. Não é isso que a Bíblia nos
ensina? Amarmos uns aos outros (1 Jo 3:12), encorajar-nos ao amor e às boas
obras (Hb 10:24), ter na
mais alta estima os que se afadigam da Palavra (1 Ts 5:12-13), orar uns pelos outros (2 Tm 2:1)? Creio que esse
é um dos papéis fundamentais da igreja. Não só do pastor, mas da igreja como um
todo.
A
solidão no ministério é algo real. Uma das maiores alegrias da minha esposa é
abrir a caixa de correio e achar uma carta escrita pra nós. Esses dias eu
fiquei muito feliz quando 3 pessoas me ligaram (eu demorei pra descobrir quem
estava falando) pra dizer que tinham lido a nossa carta e estavam orando por
nós. Que alegria! Como é bom ouvir a voz de gente querida dizendo que está
orando por nós.
Jesus
disse que quando alguém desse um copo d’água para um enviado dEle, era como se
estivesse dando para o próprio Jesus (Mt
25:35-40). Muitas vezes, uma carta, um e-mail, uma mensagem no celular, uma
ligação, ou uma visita podem trazer muito mais refrigério que um copo d’água!
Já pensou no resultado de um gesto tão simples, como mandar uma mensagem no
celular, na vida de um missionário desanimado?
Em
2011 minha esposa e eu estávamos bastante desanimados e chegamos a pensar que
nosso tempo no campo missionário estava chegando ao fim. Apesar de estar
rodeados por várias pessoas, nos sentíamos sozinhos. Foi quando Deus mandou 4
rapazes de uma igreja muito querida para nos visitar. Eles não tinham a menor
ideia da situação que estávamos passando naqueles dias, mas foram como que anjos
enviados por Deus. Que refrigério, que encorajamento, que ânimo aqueles irmãos
nos trouxeram, mesmo sem saber!
Fica
aqui o convite para você vir nos visitar e conhecer o nosso dia-a-dia. Seu
pastor veio recentemente e tivemos um tempo muito gostoso juntos. Mas se você
não pode ir visitar um missionário que mora num lugar bem distante (a passagem
de avião é bem cara, nós sabemos), que tal pegar o celular e gastar uns
centavos para dar uma palavra de ânimo, mandar um versículo por SMS, mandar um
e-mail, ou mesmo investir uns minutos para escrever uma carta à mão? Os
segundos ou minutos que você vai “gastar” podem transformar o dia do
missionário que está do outro lado do país ou do mundo.
Tem
um missionário aqui cujo trabalho principal é começar o trabalho nas aldeias
onde não tem nenhum branco ainda, só índios. Ele constrói a casa onde os
futuros missionários vão morar e depois começa a derrubar as árvores e preparar
o lugar onde vai ficar a pista para o avião pousar. São meses e meses de
trabalho muito pesado, cansativo, demorado, e o pior de tudo, solitário. De vez
em quando uma pessoa ou uma equipe vai passar uns dias ajudando aquele
missionário. Muitos anos atrás ele estava andando numa dessas pistas de pouso
na mata, conversando com Deus,
desanimado, querendo largar tudo e voltar para a sua cidade natal. A solidão
parecia roer seu corpo por dentro. Era como se ninguém mais se lembrasse dele.
O calor era intenso, e não tinha vento para refrescar aquela tarde de verão. As
lágrimas se misturavam com as gotas de suor que desciam pelo seu rosto.
Foi
quando ele viu o avião de Asas de Socorro chegando para dar um rasante sobre a
pista. De longe, ele viu o piloto jogando um pequeno pacote na pista. Saiu
correndo para ver o que tinha naquele pacote. Ao abri-lo, abriu um sorriso e
percebeu que Deus não tinha se esquecido dele. Mesmo no meio da mata, onde não
pegava sinal de celular nem internet sem fio, a oração dele chegou até os
ouvidos do Pai. Mas e o pacote, o que tinha lá dentro? Uma lata de Coca-Cola,
geladinha. Que presente! Uma lembrança de que Deus está sempre perto. Eu fico
pensando, e se junto com a Coca-Cola, tivesse uma carta sua, ou da sua classe
de Escola Bíblica Dominical, ou um cartão assinado pela igreja toda? Acho que
aquele missionário ficaria tão feliz que até esqueceria de tomar a Coca-Cola
enquanto estava gelada para ler a cartinha!
Missionário
Lauro Pasquini (Asas de Socorro, Boa Vista-RO)
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