O que Aconteceu no Domingo de Manhã?
Na semana passada, uma igreja de
cerca de 120 membros, situada em São Paulo, realizou um de seus cultos normais
no domingo pela manhã. Na ocasião, compareceram mais ou menos 25 pessoas, pouco
mais de 20% do total dos membros. O que aconteceu? Bem, essa resposta depende
do lado das coisas que a gente focaliza. Vamos ver...
O que
aconteceu nos domínios do Reino de Deus?
Muito simples: o nome do Senhor —
nosso criador, redentor e sustentador — não foi glorificado e servido com a
força que deveria, ou, pelo menos, que poderia.
O que
aconteceu com Satanás e seus anjos?
Aqui não se pode exagerar, apelando
excessivamente pra esse lado de demônios, espíritos malignos, etc. Vamos nos
ater aos fatos, interpretando-os dentro dos limites que a sã doutrina permite.
A verdade é uma só: para eles foi um domingo bem tranquilo. Não houve muita
coisa a fazer. Quase tudo estava do modo como queriam.
O que
aconteceu com os inimigos da fé, como os ateus e os apóstatas?
Ah, para eles foi um domingo muito
especial. Quando souberam da baixa frequência naquela igreja, eles se sentiram
bastante encorajados e alegres. Viram tudo como uma prova de que estão certos e
de que a pura Palavra de Deus é inútil. “Se servisse pra alguma coisa”,
pensaram, “teria muito mais gente na igreja”.
O que
aconteceu com os crentes que não foram à igreja?
Nada. Para eles foi um domingo como
outro qualquer. Na verdade, eles nem se lembraram de que havia um culto. O
estilo de vida que adotaram já há vários anos removeu esse compromisso da sua
agenda. Os cultos de domingo de manhã nem são mais uma opção. E eles dormem
muito bem com isso (especialmente aos domingos).
O que
aconteceu com o pregador que ministrou a Palavra naquela manhã?
Opa! Aqui temos de evitar demagogia,
chantagem emocional, apelações... Mas também temos de evitar diminuir o que de
fato aconteceu com ele. Por amor à verdade, é preciso dizer: ele ficou bem
desanimado. No momento maior de fraqueza chegou a pensar que seu trabalho não
vale muito e que está perdendo seu tempo. Foi mesmo uma paulada das boas. E
acho que outras iguais estão por vir. Coitado...
O que
aconteceu com os irmãos que foram à igreja?
Ah, deu dó de ver! Eles se sentiram
frios e isolados. Havia uma atmosfera de apatia, um silêncio meio fúnebre no
ar, mesmo nos momentos de maior informalidade. Eles não estavam exatamente
tristes, mas riam pouco. Foram envolvidos por certa quietude e não sabiam (e
nem queriam) explicar exatamente o motivo disso. O dia alegre e ensolarado lá
fora contrastava com o salão vazio e lúgubre, dando a entender que a vida
estava em outro lugar. Alguns deles não vão voltar no domingo que vem.
O que
aconteceu com os visitantes? Havia uns dois!
Eles pensaram que a igreja estava
passando por sérios problemas. Talvez uma crise na liderança, uma divisão ou um
grave problema de pecado. Imaginaram que o abandono de todos era uma forma de
protesto, uma maneira de demonstrar insatisfação e descontentamento. Vai
saber... O fato é que eles não vão mais voltar. Estão procurando uma igreja
boa. Já tiveram muitas dores de cabeça nas igrejas de onde saíram.
O que
aconteceu com as crianças?
As que vieram aprenderam que a igreja
é morta. As que não vieram aprenderam que a igreja é desnecessária. Essas
lições silenciosas foram gravadas indelevelmente na alma delas. Somente algumas
permanecerão na fé quando forem adultas.
O que
aconteceu na história universal?
Na
história universal? Sim, acredite... O que aconteceu naquela pequena igreja é o
efeito e também a causa da realidade secularizada e antiDeus vivida no mundo
inteiro. É o efeito porque mostra que a igreja acreditou na mentira de que as
coisas espirituais não valem nada ou valem muito pouco. É a causa porque
contribui para a expansão da crença de que não se deve temer e servir ao Senhor
de todo coração e com todas as forças. O que se deve temer é que a vida escorra
pelos dedos sem aproveitá-la ao máximo em descanso e diversão. E o que se deve
servir com zelo constante e inabalável é o conforto próprio, talvez em frente a
uma TV ou em um tempo ocioso na sala de casa.
“Contudo, quando o Filho do Homem vier, encontrará fé na terra?” (Lc
18.8).
Pr. Marcos
Granconato
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