A teologia da prosperidade é algo que tem tomado muito as
igrejas brasileiras hoje. Muito se ouve de pregadores afirmando que o cristão
será próspero, aquilo que você pisar será seu, a sua vitória tem sabor de mel,
e mais diversos jargões que ouvimos de pastores e também da música gospel. O
que parece ser pregado é que Deus não passa de um mordomo obrigado a obedecer
ao homem.
Muitos dos
sermões destes pregadores são baseados em versículos do Velho Testamento,
tirados totalmente do contexto e usados da maneira como querem. Mas no Antigo
Testamento mesmo encontramos princípios que contradizem essa crença.
A história de Daniel acontece num momento crítico para
Judá. O povo estava sendo totalmente infiel à aliança com Deus e como castigo,
Nabucodonosor, rei da Babilônia, sitiou Jerusalém e levou cativo todo o povo.
Aqui já vemos que Deus é quem está no controle e ordenando a história através
do castigo de seu povo. Porém, dentro deste povo infiel vemos que quatro homens
são totalmente íntegros. E ao olhar para toda a história pode se dizer que
Daniel e seus amigos foram muito prósperos. Tiveram riquezas, eram homens
importantes, e da confiança do rei. Só que em quase todos os capítulos eles são
colocados a morte. Mas mesmo assim em todos os eventos vemos que as atitudes
deles não é de decretar, ordenar, ou
mandar que Deus fizesse alguma coisa.
Um exemplo disso é no capítulo três, onde Nabucodonosor
ordena que todos deveriam se prostrar diante da sua estátua quando a música
fosse tocada. Quem não fizesse isto seria lançado na fornalha. Os três amigos
de Daniel não se prostraram, e por isso foram levados ao rei, que lhes deu mais
uma chance de adorarem a imagem; e lhes disse que se não fizessem, seriam
jogados na fornalha e nenhum deus poderia livrá-los de suas mãos.
O interessante é a resposta deles nos versículos 16 ao 18.
Hernandes Dias Lopes comenta sobre esta resposta desta maneira:
“Os três jovens dizem que Deus pode livrar, mas não dizem
que Deus o fará. Eles não decretam nada para Deus. Eles não dizem: ‘Eu não
aceito isto’; ‘Eu rejeito aquilo’; ‘Eu repreendo o fogo’; ‘O rei está
amarrado’. Eles não determinam o que Deus deve fazer. Nem sempre é da vontade
de Deus livrar seus filhos dos padecimentos e da morte.”
Estes jovens tinham a noção de que Deus é quem ordena e
determina a história, e não é o homem que dirige a vontade de Deus. No próprio
livro de Daniel vemos reis que não reconheceram a soberania de Deus, mas foram arrogantes (4.30; 5.14), com isso um deles enlouqueceu
(4.31-33; 5.30) e outro morreu no mesmo dia. Quando um deles, o rei
Nabucodonosor, conseguiu voltar ao seu entendimento, reconheceu que Deus é
maior que todos (4.34-37).
A teologia da prosperidade coloca o homem como superior a
Deus. E ao olhar para esta história, e muitas outras em toda a Bíblia, percebo
que isto é impossível. Somos apenas criaturas de Deus, totalmente corrompidas
por nosso pecado. Por isso merecíamos a morte, mas fomos salvos graças ao amor
de Deus, enviando seu Filho para morrer em uma cruz e ressuscitar ao terceiro
dia. Tudo isso porque Ele é bom e misericordioso, não porque merecemos.
Se ainda pensa que você tem que reivindicar algo que é
seu, então reinvidique o inferno, pois é a única coisa que você merecia e foi
lhe tirado.
O que devemos mesmo é rogar por misericórdia a um Deus
soberano sobre todas as coisas, pedindo que nos conforte diante da sua vontade,
e que nos molde diante da Tua Palavra; sendo gratos por tudo, pois não somos
merecedores do que recebemos. Somos apenas muito privilegiados por recebermos
tudo pela graça e misericórdia de Deus.
Se você procura prosperidade, faça como Daniel: tema ao
Senhor independente da circunstância e com certeza será próspero. Ou faça como Paulo
disse:
“Se somos filhos, então somos
herdeiros; herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo, se de fato participamos
dos seus sofrimentos, para que também participemos da sua glória. Considero que
os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós
será revelada.” (Romanos 8.17,18)
“Se vivemos, vivemos para o Senhor; e, se morremos,
morremos para o Senhor. Assim, quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao
Senhor.” (Rm 14.8)
Lucas Gonçalves
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