No último domingo, um jovem veio falar comigo após o culto. Ele é o tipo
de pessoa que aparece na igreja de vez em quando e desaparece por um longo
período. Imagino que ele anda pelas igrejas experimentando sermões e procurando
por respostas. Nessa visita, ele pediu que eu o ajudasse a superar uma falha em
sua vida, e era uma falha em progredir. Ele disse que seu maior problema é que não
acreditava em si mesmo. Como eu poderia ajudá-lo a acreditar em si mesmo de tal
forma que ele se tornasse bem-sucedido?
Eu perguntei se ele era cristão. Sua resposta foi “Eu realmente preciso
a fim de ser bem-sucedido? Você está me dizendo que todas as pessoas
bem-sucedidas por aí são cristãs? Não existem princípios gerais que eu possa
aplicar a minha vida – quer eu seja cristão ou não – que podem me alavancar ao
sucesso?”. Eu o desafiei a responder ele mesmo a essas perguntas. Afinal, eu
tinha certeza de que ele tinha já passado bastante tempo entre palestrantes
motivacionais para ter a resposta.
“Esse é o problema”, ele disse, “Me ensinaram que esses princípios
existem e tentei colocá-los em prática. Eles parecem funcionar por um tempo e então
eu volto ao meu antigo eu. Quero que você me ajude a encontrar uma fórmula que
me ajudará a seguir adiante e nunca voltar a não acreditar em mim mesmo”. Para
encurtar a história, finalmente o persuadi da necessidade de reconciliação com
Deus antes que alguém possa libertar-se da rotina de frustração onde Deus
acorrenta pecadores irreconciliados.
Infelizmente o discurso motivacional tornou-se a dieta básica de muitos
púlpitos evangélicos. A mensagem ouvida é “Deus te deu potencial e tudo o que
você precisa para liberar esse potencial é acreditar em si mesmo. Tenha uma
grande visão e viva essa grande visão. Você deve ser um homem ou uma mulher de
futuro e o céu será o limite para você. Não deixe que seus fracassos passados
obstruam seu caminho para o sucesso. Olhe além deles, como Jesus olhou além da
cruz e, portanto, a superou. Você é cabeça, não cauda”.
À luz dos excessos do discurso motivacional, fica a questão: “É dessa
forma que os pregadores do Antigo e do Novo Testamento pregavam?”. Se
resumirmos a pregação de Noé, Moisés, Elias, Isaías, Jonas, Paulo, Pedro etc.,
na Bíblia, é esse o tipo de mensagem que encontraremos? Eu acho que não.
Certamente os palestrantes motivacionais pegam algumas palavras emprestadas,
mas emprestar as palavras de alguém não é dizer o mesmo que essa pessoa diz.
“Um texto sem contexto é pretexto”.
Minha principal discordância com o discurso motivacional é que reduz
Deus a um meio ao invés de o fim. Homens e mulheres não são capazes de perceber
que a natureza do pecado se encontra no “eu”. O discurso motivacional, por
outro lado, alimenta esse mesmo ego e aponta para Deus como aquele que pode
mimá-lo a ponto de intoxicar-se. Isso é uma mentira! É somente Deus quem deve
ser o centro de nossas vidas. O cristianismo exige a morte do ego, carregar a
sua própria cruz, seguir um Salvador sofredor.
Sempre que ouço o discurso motivacional, parece que ouço a mensagem
“Paz, paz” onde não há paz. Me parece um médico assegurando a um paciente com
câncer terminal nos estágios finais de que ele não precisa se preocupar porque
tudo ficará bem se ele apenas acreditar em si mesmo. Ele está morrendo,
avise-o! É o cúmulo da insinceridade um pregador saber que o salário do pecado
é a morte (Romanos 6.23) e fazer aqueles que caminham para o matadouro apenas
sentirem-se bem.
O discurso motivacional faz as pessoas sentirem-se bem, enquanto o
Evangelho faz primeiro as pessoas sentirem-se mal – até que elas encontrem seu
tudo em Cristo. A verdadeira pregação deve fazer as
pessoas encararem o fato de que estão vivendo em rebelião contra Deus e que
precisam arrepender-se ou perecerão. É somente quando as pessoas reconhecem
isso e clamam “O que devemos fazer para sermos salvos?” (At 2.37, 16.30) que a
verdadeira pregação as dá boas notícias: “Todo aquele que invocar o nome do
Senhor será salvo” (Rm 10.13).
O discurso motivacional é um tentativa de matar um leão ameaçador com
uma pequena zarabatana de feijão, usando como munição feijões recentemente
cozidos, preparados com os temperos mais aromáticos. O cheiro pode até atrair o
alvo, mas será inútil para derrubar aquela fera selvagem. Homens e mulheres
fora de Cristo estão MORTOS em transgressões e pecados. Estimular seus sentidos
com frases de efeito banais não lhes dará vida. Eles precisam da Lei para matar
seus egos caídos e do Evangelho de Jesus Cristo para receber vida.
Eu sei que o discurso motivacional está enchendo nossas igrejas até que
elas pareçam com estádios de futebol. Em um mundo de miséria e melancolia,
todos nós precisamos de algum encorajamento. Mas isso é tudo para o que fomos
chamados como pregadores? Que bem há se homens se sentem inspirados e
motivados, e então voltam para casa vivendo uma vida de pecado e egoísmo?
Infelizmente, essa é a norma em muitas igrejas evangélicas. As igrejas estão
lotadas de pessoas determinadas a beber o pecado como água por toda a semana.
Discurso motivacional não é pregação bíblica. É uma praga na paisagem do
verdadeiro evangelicalismo. Está enchendo as igrejas com pessoas mortas que
estão sendo ensinadas a viver como se estivessem vivas. Precisamos retornar ao
bom e velho Evangelho que verdadeiramente dá vida aos mortos e liberta homens e
mulheres. Como Paulo fazia, cada púlpito verdadeiramente evangélico deve soar a
clara mensagem do “arrependimento para com Deus, e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo” (Atos 20.21). Fujamos dessa
maldição do discurso motivacional!
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