Eu cresci dentro da igreja. Desde
cedo, na minha infância, eu frequento retiro das igrejas as quais eu pertenci.
Não me lembro de nenhum período de carnaval que passei em casa. Mas sempre
foram retiros com grupos da minha idade. Aqui, em nossa igreja é diferente.
Nossos retiros envolvem a igreja toda, todas as idades. Isso é fantástico! Ver
adolescentes conversando com adultos, jovens cuidando de crianças, e idosos
participando das programações com os mais novos.
Creio
que esse retiro nos deu uma oportunidade de vivermos mais intensamente o que é
o Corpo de Cristo, pois tivemos que conviver juntos por quatro dias, estudando
a Palavra, trabalhando e nos divertindo juntos. Por isso, não tenho dúvida de
que o retiro é um importante investimento de nossa igreja. Voltamos desse tempo
mais animados e mais unidos!
Por
outro lado, como pastor, fico preocupado com aqueles que não participaram. Não
quero dizer que quem não foi está em pecado, ou que não se importa com a
igreja. Apenas quero causar uma reflexão: Por que não foi? A resposta e suas
implicações devem ser tratadas com Deus.
Todos os
que criam mantinham-se unidos e tinham tudo em comum.
Todos os dias, continuavam a reunir-se no pátio
do templo. Partiam o pão em suas casas, e juntos participavam das refeições,
com alegria e sinceridade de coração, louvando a Deus e tendo a simpatia de
todo o povo. (At 2:44, 46-47)
Vemos
na Palavra que a igreja primitiva vivia uma comunhão extraordinária! Comunhão
significa participar da vida do irmão! Estarmos unidos! É sermos um em Cristo!
Por
isso fico pensando: será que os crentes daquela época não tinham outras
responsabilidades como trabalho e família? Será que havia idosos, que não
tinham tanta disposição e vigor físico? Será que havia pessoas com crises
financeiras? Sim! Com certeza! Mas me parece, pela descrição do texto, que
pertencer ao Corpo de Cristo era tão empolgante, que eles priorizavam o
estar com a igreja. Eles abriam mão de gostos pessoais, de conforto, de outros
compromissos para estarem com a igreja.
A
comunhão da igreja não é algo natural. Ela não nasce por acidente. Não! Ela é
intencional! É preciso querer e investir para se alcançar a comunhão! É preciso
abrir mão de algumas coisas para poder vivê-la! Uma igreja onde cada membro
vive o seu mundinho, e se reúne uma ou duas vezes por semana, não vive a
comunhão! É como tomar o mesmo ônibus todos os dias para o trabalho. Você encontra
as mesmas pessoas sempre. Pode até cumprimentá-las, ou quem sabe ter uma
conversa superficial, mas não tem comunhão. Não sabe o que elas passam em casa.
Não sabe das lutas que lutam. São conhecidos, não amigos ou irmãos.
Por
isso me preocupo! Não podemos deixar nossa igreja se tornar um agrupamento de
conhecidos, mas sim uma família! De fato, nossa igreja é conhecida pela
comunhão! Muitos nos visitam e saem impressionados com o sentimento de família
que cultivamos. Mas temo que nem todos têm participado disso. E como pastor,
não posso conformar-me com isso. Alguns até acusam que não são bem recebidos,
mas estes não se esforçam. Aparecem uma vez ou outra nas atividades da igreja e
não dão oportunidades para que relacionamentos profundos sejam cultivados.
Mais
uma vez, não quero afirmar que quem não participou do retiro tem essa má
intenção. Sei de alguns que realmente não puderam ir. Mas quero, com essa
pastoral, refletir sobre como temos nos esforçado e priorizado a comunhão da
igreja.
Essa
questão é tão séria, que uma das cartas mais duras da Bíblia, que trata da
apostasia (abandono da fé), exorta seus leitores:
Não deixemos de reunir-nos como
igreja, segundo o costume de alguns, mas encorajemo-nos uns aos outros, ainda
mais quando vocês vêem que se aproxima o Dia. (Hb 10:25)
Isso
não se trata apenas do culto dominical. Mas de toda oportunidade que a igreja
tem de estar reunida, como um retiro, que acontece uma vez por ano, sempre na
mesma data.
Que
possamos crescer ainda mais na comunhão, para que a família seja mais unida, o
Corpo de Cristo cresça forte e saudável, e Deus seja glorificado por isso!
Pr. Ricardo
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