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sexta-feira, 18 de outubro de 2013

SOLIDÃO NO CAMPO MISSIONÁRIO- por Lauro Pasquini




                Você já se sentiu sozinho? Sem amigos por perto, família, os irmãos da igreja… Dá um aperto no coração, não é? Vontade de pegar o celular e sair ligando para as pessoas, entrar na internet, no facebook ou mandar um e-mail.

            Como missionário, várias vezes já me senti desse jeito. Sozinho, longe, esquecido, com saudade dos velhos tempos, da família, dos amigos, da igreja… Mesmo com um celular que tem sinal e internet razoável, parece que estou longe. Na verdade, eu estou longe! Mas tem gente que está muito mais longe que eu. Talvez não em distância física, mas emocional.

Como piloto, tenho visitado missionários que moram no meio da Floresta Amazônica. Alguns deles passam mais de 6 meses na mata, sem internet, sem televisão, sem celular. E pior, sem amigos, sem família, sem igreja… Quando acho que estou longe, penso neles. Sempre que posso, quando estou passando por alguma aldeia pra deixar as compras dos missionários, tento separar um tempo para conversar com eles, seja durante o almoço, ou debaixo da asa do avião mesmo, pra aproveitar a sombra.

Muitas vezes pensamos que os missionários só precisam de oração e ofertas. Por experiência própria, posso garantir que muitas vezes o que o missionário mais precisa é de encorajamento, incentivo, carinho. Não é isso que a Bíblia nos ensina? Amarmos uns aos outros (1 Jo 3:12), encorajar-nos ao amor e às boas obras (Hb 10:24), ter na mais alta estima os que se afadigam da Palavra (1 Ts 5:12-13),  orar uns pelos outros (2 Tm 2:1)? Creio que esse é um dos papéis fundamentais da igreja. Não só do pastor, mas da igreja como um todo.

A solidão no ministério é algo real. Uma das maiores alegrias da minha esposa é abrir a caixa de correio e achar uma carta escrita pra nós. Esses dias eu fiquei muito feliz quando 3 pessoas me ligaram (eu demorei pra descobrir quem estava falando) pra dizer que tinham lido a nossa carta e estavam orando por nós. Que alegria! Como é bom ouvir a voz de gente querida dizendo que está orando por nós.

Jesus disse que quando alguém desse um copo d’água para um enviado dEle, era como se estivesse dando para o próprio Jesus (Mt 25:35-40). Muitas vezes, uma carta, um e-mail, uma mensagem no celular, uma ligação, ou uma visita podem trazer muito mais refrigério que um copo d’água! Já pensou no resultado de um gesto tão simples, como mandar uma mensagem no celular, na vida de um missionário desanimado?

Em 2011 minha esposa e eu estávamos bastante desanimados e chegamos a pensar que nosso tempo no campo missionário estava chegando ao fim. Apesar de estar rodeados por várias pessoas, nos sentíamos sozinhos. Foi quando Deus mandou 4 rapazes de uma igreja muito querida para nos visitar. Eles não tinham a menor ideia da situação que estávamos passando naqueles dias, mas foram como que anjos enviados por Deus. Que refrigério, que encorajamento, que ânimo aqueles irmãos nos trouxeram, mesmo sem saber!

Fica aqui o convite para você vir nos visitar e conhecer o nosso dia-a-dia. Seu pastor veio recentemente e tivemos um tempo muito gostoso juntos. Mas se você não pode ir visitar um missionário que mora num lugar bem distante (a passagem de avião é bem cara, nós sabemos), que tal pegar o celular e gastar uns centavos para dar uma palavra de ânimo, mandar um versículo por SMS, mandar um e-mail, ou mesmo investir uns minutos para escrever uma carta à mão? Os segundos ou minutos que você vai “gastar” podem transformar o dia do missionário que está do outro lado do país ou do mundo.

Tem um missionário aqui cujo trabalho principal é começar o trabalho nas aldeias onde não tem nenhum branco ainda, só índios. Ele constrói a casa onde os futuros missionários vão morar e depois começa a derrubar as árvores e preparar o lugar onde vai ficar a pista para o avião pousar. São meses e meses de trabalho muito pesado, cansativo, demorado, e o pior de tudo, solitário. De vez em quando uma pessoa ou uma equipe vai passar uns dias ajudando aquele missionário. Muitos anos atrás ele estava andando numa dessas pistas de pouso na mata,  conversando com Deus, desanimado, querendo largar tudo e voltar para a sua cidade natal. A solidão parecia roer seu corpo por dentro. Era como se ninguém mais se lembrasse dele. O calor era intenso, e não tinha vento para refrescar aquela tarde de verão. As lágrimas se misturavam com as gotas de suor que desciam pelo seu rosto.

Foi quando ele viu o avião de Asas de Socorro chegando para dar um rasante sobre a pista. De longe, ele viu o piloto jogando um pequeno pacote na pista. Saiu correndo para ver o que tinha naquele pacote. Ao abri-lo, abriu um sorriso e percebeu que Deus não tinha se esquecido dele. Mesmo no meio da mata, onde não pegava sinal de celular nem internet sem fio, a oração dele chegou até os ouvidos do Pai. Mas e o pacote, o que tinha lá dentro? Uma lata de Coca-Cola, geladinha. Que presente! Uma lembrança de que Deus está sempre perto. Eu fico pensando, e se junto com a Coca-Cola, tivesse uma carta sua, ou da sua classe de Escola Bíblica Dominical, ou um cartão assinado pela igreja toda? Acho que aquele missionário ficaria tão feliz que até esqueceria de tomar a Coca-Cola enquanto estava gelada para ler a cartinha!


Missionário Lauro Pasquini (Asas de Socorro, Boa Vista-RO)

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