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terça-feira, 28 de julho de 2015

Série- “O que a Bíblia diz?"- O DIVÓRCIO É ACEITÁVEL EM CASO DE TRAIÇÃO?



         Como vimos na semana passada, o divórcio e o recasamento são perversões do casamento criado por Deus, e por isso, pecados. Mas o que dizer dos textos de Mateus (5:32 e 19:9), que parecem permitir o divórcio em caso de traição?

Eu lhes digo que todo aquele que se divorciar de sua mulher, exceto por imoralidade sexual, e se casar com outra mulher, estará cometendo adultério". (Mateus 19:9)

         A primeira observação que fazemos, é que essa cláusula de exceção (“exceto por imoralidade sexual”) só se encontra em Mateus, mas não nos demais evangelhos sinóticos (assim chamados por terem muitas narrativas em comum), Marcos e Lucas.

Ele respondeu: "Todo aquele que se divorciar de sua mulher e se casar com outra mulher, estará cometendo adultério contra ela. 
(Marcos 10:11 e Lucas 16:18).

         Mateus foi escrito para judeus. O fato dele ser o único a mencionar a cláusula de exceção, nos faz entender que apenas os judeus entendiam do que se tratava. Na prática judaica, o noivado só era rompido mediante carta de divórcio. Por exemplo, José, ainda noivo de Maria, quando soube da gravidez de sua noiva, pretendia lhe dar uma carta de divórcio.

Foi assim o nascimento de Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José, mas, antes que se unissem, achou-se grávida pelo Espírito Santo. Por ser José, seu marido, um homem justo, e não querendo expô-la à desonra pública, pretendia anular (ἀπολύω- divorciar) o casamento secretamente. (Mateus 1:18-19)

         Logo, a cláusula de exceção pode se referir ao noivado judeu e não ao casamento. Outro argumento é o fato do texto usar a expressão “em caso de imoralidade sexual” e não “adultério”, o que seria mais natural em caso de traição dentro de um casamento. Quem não é casado não pode cometer adultério, apenas imoralidade sexual. Podemos também observar que quando Jesus foi questionado sobre o divórcio nessa passagem, Ele primeiro cita o padrão de Deus, antes de mencionar a “cláusula de exceção”, mostrando assim qual deve ser o ideal para o casamento.

Ele respondeu: "Vocês não leram que, no princípio, o Criador ‘os fez homem e mulher’ e disse: ‘Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne’? Assim, eles já não são dois, mas sim uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, ninguém o separe". (Mateus 19:4-6)

         Apesar desses argumentos fazerem sentido para mim, muitas vezes não são aceitos por todos. Porém, não são esses argumentos que me fazem convicto de que não existe exceção permissiva para o divórcio. O argumento do evangelho é mais forte.

         A passagem de Mateus 19:1-9, que supostamente permite o divórcio em caso de traição, vem justamente depois de 18:21-35, onde Jesus ensina que devemos perdoar qualquer pecado cometido contra nós! Caso contrário, estaremos debaixo do Seu juízo!

Irado, seu senhor entregou-o aos torturadores, até que pagasse tudo o que devia. "Assim também lhes fará meu Pai celestial, se cada um de vocês não perdoar de coração a seu irmão". (Mateus 18:34-35)

         Ora, todo divórcio envolve falta de perdão! Se o evangelho é a mensagem de perdão dos nossos pecados em Cristo Jesus, como poderia eu aceitar o perdão dEle por mim, mas não estar disposto a perdoar quem quer que seja?

Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus perdoou vocês em Cristo. (Efésios 4:32)

         No Antigo Testamento, duas passagens ilustram o perdão de Deus oferecido a nós através do perdão a uma traição: Ezequiel 16 e Oséias 1-3.

O Senhor me disse: "Vá, trate novamente com amor sua mulher, apesar de ela ser amada por outro e ser adúltera. Ame-a como o Senhor ama os israelitas, apesar de eles se voltarem para outros deuses...” (Oséias 3:1)


         Minha conclusão é: o divórcio é uma contradição do evangelho. Devo perdoar o pecado que for, como Ele me perdoou em Cristo; e ser fiel incondicionalmente à aliança matrimonial, como Ele é incondicionalmente à Aliança que fez conosco por meio da cruz.

Pr. Ricardo

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